CONSULTÓRIO NA RUA E O CUIDADO ÀS MULHERES TRANSGÊNERO NUM MUNICÍPIO DA REGIÃO CENTRO OESTE
Resumo
O relato de experiência objetiva descrever vivências no Consultório na rua (CnaR), mostrando os cuidados prestados às mulheres trans através das práticas de atenção primária na assistência em enfermagem. O estudo descreve trabalho realizado pelo CnaR, no município de Goiânia/GO/Brasil, no atendimento a uma mulher transgênero em diversos espaços. Às sextas-feiras no CnaR são movimentadas e lembranças denominou-se “Danielly”, que repentinamente perguntou: -há dentista? Foi solicitada uma consulta odontológica de emergência, porém o recepcionista insistia em chamá-la pelo “gênero masculino”, mesmo apresentando corpo feminino por hormônios induzidos, glúteos/mamas siliconados. Porém, alguns traços masculinos, e calma disse: -Pode ser pelo nome de menino. Na unidade deparou-se com superlotação, havendo diferentes etariedades, sentadas/pé e policiais. Olhares de espanto/curiosidade/risos manifestaram-se pelo estigma, mas esperou sem hesitar. Nesse instante exerci olhar mais empático, talvez naquele momento se sentisse um pouco de tudo, presente na forma de reação expressa de cada. Após consulta/orientação medicamentosa, voltou ao seu atual espaço, a rua. Deixando-me a refletir: que espaço é esse de sobrevivência e pertencimento ali existe? Relembrava inúmeras tentativas/abordagens anteriores, mas “Danielly” muito hostil/nervosa/irritada, em diversos horários/locais, sobre efeito do álcool/pedra, como um dia relatou. Comportava-se com expressividade/afrontamento, uma autodefesa, uma atitude de “trans” lutando pelo direito de sobrevivência. Dessa vez, estava calma/tranquila/serena e olhar de gratidão. O relato remete as variadas sobrevivências que indivíduos se encontram, nos propondo a ter reflexões a partir do processo dos cuidados a populações-chave na tenção primária em saúde, entendendo mulheres trans que se apresentam em vulnerabilidades/barreiras de acesso à saúde.
